Os impactos nocivos das Criptomoedas

Os impactos nocivos das Criptomoedas

*Por Chris Santos

 

Atualmente, existem 182 moedas oficiais em circulação no planeta. Mesmo com essa diversidade monetária, em 2008 surgiu o Bitcoin, criado por uma figura misteriosa sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. A proposta era ousada: descentralizar o dinheiro, retirando o controle dos bancos e dos Bancos Centrais, e retornar a um sistema monetário mais austero e, supostamente, mais justo. Mas como confiar em uma moeda cuja origem está envolta em anonimato e especulação? O mercado financeiro, sempre ávido por inovação — mesmo que à margem da regulação — abraçou a ideia com entusiasmo. E o que era para ser uma alternativa ao sistema tradicional acabou se tornando um novo terreno fértil para concentração de renda, crimes financeiros e impactos ambientais.

 Dinheiro fora do sistema: quem se beneficia?

A pergunta que não quer calar é: quem realmente tem interesse em manter dinheiro fora do sistema bancário e do controle estatal? A ausência de transparência sobre a identidade de Satoshi Nakamoto levanta suspeitas legítimas. Seria ele um gênio libertário ou alguém ligado ao crime organizado? Afinal, mentes brilhantes com habilidades tecnológicas atuam em todos os lados — inclusive no lado obscuro da sociedade.

Além disso, criptomoedas têm sido utilizadas para driblar sanções internacionais. Países como Venezuela e Rússia, alvos de restrições financeiras severas, encontraram nas moedas digitais uma forma de contornar bloqueios e continuar transações comerciais. A descentralização, nesse caso, favorece regimes e atores que operam à margem da legalidade internacional.

 O crescimento descontrolado do mercado

Segundo dados divulgados pela Binance, uma das maiores corretoras de criptoativos do mundo, existiam nada menos que 9.533 criptomoedas em circulação em (dado de agosto/2025). Esse número impressionante revela não apenas o crescimento acelerado do setor, mas também a dificuldade de controle e fiscalização sobre tantos ativos digitais. Quem precisava de mais moeda correndo pelo mundo, mesmo que apenas no mundo virtual?

 Criptomoedas, concentração de renda e impactos ambientais

Apesar da narrativa de democratização financeira, as criptomoedas têm contribuído para a concentração de riqueza. A mineração de ativos como o Bitcoin exige infraestrutura robusta, com data centers que consomem enormes quantidades de energia elétrica. Isso cria uma barreira de entrada para pequenos investidores e favorece grandes corporações com capital para investir em tecnologia e eletricidade barata.

Além disso, o impacto ambiental desses centros de mineração é alarmante. O consumo energético de algumas redes de criptomoedas já ultrapassa o de países inteiros, contribuindo para o agravamento da crise climática.

 Curiosamente, os mesmos investidores que buscam fugir do controle estatal recorrem ao Estado quando seus ativos digitais estão em risco. Em casos de roubo, fraude ou colapso de plataformas, exigem proteção legal e ressarcimento — uma contradição que expõe a fragilidade da narrativa libertária das criptomoedas.

 Instrumentos de golpes

A natureza digital e descentralizada dos ativos virtuais dificulta sua regulação e fiscalização, criando um ambiente propício para fraudes. A promessa de enriquecimento rápido atrai investidores inexperientes, que muitas vezes não compreendem os riscos envolvidos.

 Exemplos de fraudes e pirâmides financeiras

  • OneCoin: Um dos casos mais emblemáticos, esse “ativo virtual” arrecadou cerca de US$ 4 bilhões em todo o mundo. O projeto prometia retornos extraordinários, mas não passava de um esquema criminoso.
  • FTX: Em 2023, o fundador da corretora FTX, Sam Bankman-Fried, foi considerado culpado por roubar bilhões de dólares de clientes. O colapso da empresa se tornou uma das maiores fraudes financeiras já registradas.
  • Exchange: Também em 2023, o CEO da maior corretora de cripto do mundo se declarou culpado por lavagem de dinheiro, transmissão de dinheiro não licenciada e violação de sanções internacionais.
  • Fraudes no Brasil: segundo a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), cerca de 200 mil brasileiros foram vítimas de fraudes com ativos virtuais em 2021, com prejuízos superiores a R$ 1 bilhão.

 Por que se tornaram instrumentos de golpes?

  • Dificuldade de regulação: a descentralização dificulta o monitoramento e a supervisão por autoridades competentes.
  • Promessas irreais: ganhos rápidos e altos retornos seduzem investidores despreparados.
  • Influência digital: influenciadores mal-intencionados usam redes sociais para promover ativos sem qualquer compromisso com a veracidade ou prudência.
  • Falta de conhecimento técnico: muitos usuários não compreendem os riscos, tornando-se alvos fáceis para criminosos que usam engenharia social e falhas de segurança.

 O lado sombrio da inovação

Embora as criptomoedas tenham surgido com a promessa de liberdade financeira, seus impactos nocivos são evidentes. Elas concentram renda, degradam o meio ambiente, facilitam fraudes, burlam sanções internacionais e desafiam a regulação. O entusiasmo cego por inovação não pode ignorar os riscos reais que esses ativos representam para a sociedade, o sistema financeiro e o planeta. Será que vale mesmo a pena incorporar tantas criptomoedas ao sistema financeiro mundial?

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação

 

Leia também: Robôs dominam a Internet. Como bloquear os Bots maliciosos e dar acesso aos Bots que geram negócios?

Share this post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *