Responsabilidade social: anunciados os vencedores do Prêmio PNBE de Cidadania
O Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) anunciou os vencedores do Prêmio PNBE de Cidadania 2025, iniciativa que há mais de duas décadas reconhece projetos e personalidades que contribuem para uma sociedade mais justa, democrática e sustentável.
Na categoria Combate à Desigualdade, o destaque foi para o Instituto Chefs Especiais, liderado por Simone Llozano. Em Desenvolvimento Sustentável, venceu Hélio da Silva, conhecido por seu trabalho de reflorestamento e plantio de árvores. Na categoria Educação, a premiação foi para Maria Vilani, ativista da educação e da cultura. Já na categoria Hors-Concours, o reconhecimento foi para o Projeto Saúde e Alegria, de Caetano Scannavino e Eugenio Scannavino.
A edição 2025 contou com uma banca de jurados renomados, entre eles especialistas em educação, comunicação, diversidade, economia, sustentabilidade e mercado editorial, como Neca Setubal, Patricia Blanco, Ricardo Viveiros, Gerson Ramos, Mario Ernesto Humberg, Sylvain Kernbaum e outros profissionais de destaque em suas áreas de atuação.
Com 22 edições realizadas, o Prêmio PNBE de Cidadania já homenageou mais de 130 personalidades e organizações. Um dos momentos mais marcantes foi a premiação de Dona Vitória (Joana Zeferino da Paz), em 2005, cuja história inspirou o filme Vitória, com Fernanda Montenegro.

Projeto Saúde & Alegria – fundado em 1987, atua na Amazônia promovendo desenvolvimento comunitário integrado e sustentável. Mais de 30 mil pessoas em comunidades no oeste do Pará já foram beneficiadas com ações de saúde, educação, cultura, economia da floresta, território e inclusão digital, com metodologias baseadas na arte, no lúdico e na comunicação popular. O projeto oferece atenção básica fluvial com barcos-hospital, replicado como política pública em diversas regiões amazônicas, além de tecnologias sociais de água e saneamento adaptadas às comunidades ribeirinhas. Referência nacional em fomento ao desenvolvimento sustentável, contribui com políticas públicas por meio da replicação de suas metodologias, instituições parceiras e inovação social.
“Debaixo da floresta tem gente. As pessoas de fora imaginam uma Amazônia vazia, de selva, sem ninguém dentro, mas é um povo com o saber ancestral, um conhecimento baseado na natureza fundamental para esses tempos de emergência climática, para a gente poder estar virando a chave. E nesse sentido quando se fala às vezes que a Amazônia é mais importante para São Paulo do que São Paulo para a Amazônia. Eu nem diria que é a questão do carbono, dos rios voadores, da umidade, do oxigênio, mas sim pelas pessoas, por esse modo de vida, que que coloca a cooperação na frente da competição, o coletivo na frente do individual e a felicidade não meramente pelo consumo, mas pelo bem-viver, pela amizade, pelo banho de rio, pelos filhos, pela família, pela saúde, pela alegria.” – Caetano Scannavino

Instituto Chefs Especiais – fundado em 2006, é pioneiro no uso da gastronomia como ferramenta de inclusão e autonomia para pessoas com Síndrome de Down (T-21). Com sede em Higienópolis (São Paulo) desde 2013, oferece cursos e oficinas gratuitos (como Down Cooking, Se Vira Aí e Formação de Garçom/Garçonete), além de atividades complementares como dança, violão, quick massage e horta. Sua atuação já foi reconhecida com cerca de 28 prêmios — incluindo títulos de “Melhor Trabalho Social da Década” — e Simone Llozano se tornou fellow da Ashoka desde 2012. O Instituto tem ainda uma cafeteria inclusiva (Chefs Especiais Café), criando oportunidades reais de inserção profissional e visibilidade para seus alunos.

“Ser reconhecida pelo meu trabalho é como sentir o coração sorrir. De repente, passa um filme na mente — os desafios, as lágrimas escondidas, os momentos em que parecia impossível continuar. Mas então eu vejo o resultado: pessoas que antes ninguém via agora brilhando com toda a força que sempre tiveram. É emocionante. É transformador. E não há nada mais valioso do que isso.” – Simone Llozano
Hélio da Silva – ex-executivo do setor alimentício, iniciou em 2003 o plantio pioneiro de árvores às margens do córrego Tiquatira, zona leste de São Paulo, em uma área antes degradada e usada como lixão. Plantou mais de 42.500 árvores de espécies da Mata Atlântica – jequitibás, jatobás, ipês, aroeiras, jacarandás, além de frutíferas como araçás, goiabas, bacupari, cereja do rio grande, jabuticabas etc. Construiu, assim, o Parque Linear Tiquatira (que ocupa 320 mil m2), o primeiro e maior parque linear de São Paulo e o quarto do mundo, transformando um espaço degradado em ambiente revitalizado, atraindo dezenas de espécies de aves e contribuindo para a saúde urbana, o conforto térmico e a qualidade dos espaços públicos. Mesmo após a inauguração oficial do parque em 2008, Hélio continua plantando, cuidando das árvores e sonhando em chegar a 50 mil mudas.

“A cada 12 árvores plantadas, uma necessariamente é frutífera. Me transformei num plantador de árvores. Para isso, é preciso muita resiliência e paciência, há muitos desafios, barreira de todos os lados. Mas todos os obstáculos foram vencidos com generosidade, fraternidade e muito trabalho. Isso se chama amor, hoje muito escasso. O que faço é trazer a Mata Atlântica para o lugar que sempre foi dela.” – Hélio da Silva
Maria Vilani – escritora, filósofa e ativista cultural que, movida pelo desejo de transformar seu território, fundou o Centro de Arte e Promoção Social (CAPSArtes) em 1990 dentro de casa, oferecendo educação, cultura e arte à comunidade periférica. Ela também criou uma biblioteca comunitária também na própria casa e acolheu feiras culturais e oficinas de produção artística, promovendo alfabetização de adultos e envolvimento ativo das vizinhanças. Autora de poesia, prosa e romance, lançou diversos livros, sempre refletindo sobre resistências e vivências periféricas. Ao longo de mais de três décadas, o CAPSArtes se consolidou como um espaço gratuito de formação popular, com rodas de estudo, ateliê de escrita e atividades que fortalecem o pensamento crítico e coletivo. Sua trajetória de luta rendeu-lhe o reconhecimento como membra vitalícia da Academia de Letras dos Professores da Cidade de São Paulo em 2016.
“Quando um grupo de pessoas se reúne para premiar iniciativas que contribuem com o desenvolvimento das potencialidades humanas, essas pessoas estão construindo dignidades. É uma honra receber o Prêmio PNBE. Essa premiação leva-me ao encontro de mim mesma.” – Maria Vilani
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