AgroFórum do BTG Pactual: um palanque para a extrema direita

AgroFórum do BTG Pactual: um palanque para a extrema direita

 

*Por Chris Santos

O recente AgroFórum, evento organizado pelo banco BTG Pactual, levantou sérias questões sobre a imparcialidade da empresa e sua postura em relação ao debate político no Brasil. O evento, que supostamente visava discutir o cenário do agronegócio, transformou-se em um palco de críticas à gestão do atual governo, consolidando-se como um palanque eleitoral para a extrema direita e figuras com ambições presidenciais para 2026.

A lista de políticos para o debate já demonstra a evidente parcialidade: os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil)Ratinho Jr. (PSD)Eduardo Leite (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora apresentados como líderes de estados importantes para o agronegócio, é inegável que os quatro compartilham uma agenda política de oposição ao governo federal. A ausência de outros 22 governadores, especialmente os da região Nordeste, onde o agronegócio também tem forte representatividade, é um escândalo. A diversidade regional e política foi completamente ignorada em prol de uma visão unilateral.

A postura dos governadores no evento reforçou as suspeitas. Em vez de apresentar soluções ou propostas construtivas, eles se limitaram a tecer críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O discurso, centrado na necessidade de “renovação política”, soou mais como um ensaio para a campanha de 2026 do que como um debate sério sobre os desafios do setor. Essa atitude se torna ainda mais questionável quando se observa que esses mesmos líderes ignoraram o convite do vice-presidente Geraldo Alckmin para discutir o “tarifaço” de Trump, um tema de grande impacto para a economia e o agronegócio. A capacidade de criticar sem a disposição de contribuir é, no mínimo, decepcionante.

A conduta do BTG Pactual é, portanto, vergonhosa. Ao fornecer um espaço exclusivo para um grupo de oposição, o banco não apenas negligenciou a pluralidade do debate, mas também se envolveu diretamente em uma manobra de caráter político-eleitoral. Essa postura merece ser investigada. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deveria considerar a aplicação de multas, pois a empresa utilizou sua influência e recursos para promover um evento com claras conotações de campanha eleitoral antecipada. A falta de equidade na escolha dos participantes desqualifica o evento e lança uma sombra sobre a reputação do BTG Pactual.

O BTG Pactual, ao organizar um evento com tamanha parcialidade, ignora seu papel institucional e se posiciona como agente político – mas não surpreende, tendo em vista que a instituição tem André Esteves como um dos seus sócios. O agronegócio brasileiro é diverso, plural e nacional. Reduzi-lo a um palco para a extrema direita é não apenas vergonhoso — é perigoso.

 

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

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