Para que servem os especialistas? Uma avaliação da campanha da Seara
Ao ver as notícias nesta manhã de sexta (07 de novembro), li no MM Online sobre a mobilização dos internautas com críticas ao comercial da marca Seara para a sua linha de lasanhas congeladas, protagonizado pela apresentadora global Fátima Bernardes e pelo chef italiano Cesare Giaccone, intitulado como “especialista em lasanha”. Como este filme também me incomodou quando eu o assisti na TV, decidi expressar minha avaliação ao trabalho realizado pela WMcCann e anunciante.
Fato é que o uso de experts em campanhas publicitárias a fim de endossar a qualidade dos produtos anunciados é um recurso antigo no marketing e muito utilizado. O mercado de beleza, por exemplo, tem longa parceria com cabeleireiros que confirmam a performance das formulações. Exemplos recentes são Seda e Tressemé – ambas marcas da Unilever. Nestes casos, é interessante que a comunicação consiga transmitir a existência de envolvimento entre o expert e o produto/marca anunciado.
Especificamente no caso da Seara, o chef italiano Cesare Giaccone pode ser visto como um simples coadjuvante no comercial: fica sentado à mesa e diz apenas um “buona” (boa) com sinal de aprovação à lasanha. A própria resposta da agência WMcCann, publicada no MM Online, diz que “Cesare aprova a lasanha Seara, o que ele atesta ao dizer buona (boa) após prová-la“. O mesmo esclarecimento diz que “O Cesare Giaccone é um chef de cozinha para lá de idiossincrático, reconhecido por seu brilhantismo, alto nível de exigência e temperamento intenso“. Mas, por que estas qualidades não foram exploradas no comercial? Tudo que o expert faz é dizer uma única frase, uma única palavra, sentado à mesa enquanto Fátima Bernardes diz todo o texto quase sem fôlego ao final. Cadê a interação do expert com o produto? Ela se resume a uma simples e pequena garfada?
Hoje em dia, neste mundo conectado, não adianta marcas e agências selecionarem especialistas pura e simplesmente, pois os consumidores vão em busca de mais informações, especialmente quando são pessoas que não conhecem. Soma-se a isso que o comercial em si, em minha avaliação, tem os seus problemas de execução. Os internautas criticam que o chef não serve lasanha em seu restaurante, derrubando o argumento principal do comercial. Neste caso, o profissional poderia ser considerado apenas um chef italiano – os quais temos no Brasil, nem precisaria importar. Diria que a Seara sairia ganhando se tivesse ido buscar uma mama italiana no bairro do Bixiga, em São Paulo, com toda a sua energia culinária e expertise em massas e molhos saborosos. Proporcionaria mais vida e incentivaria o desejo de comer a lasanha da marca. Em tempo, também me considero uma expert em lasanha congelada! Como este tipo de produto de duas a três vezes por mês – Perdigão (antes de sair do mercado por causa da fusão da criação da BRF), Sadia, Massa Leve, Qualitá e Seara fazem parte da minha rotina.
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