Lógica do mais por menos: no marketing, na economia e na vida
Desde ontem (16/12) nos vemos diante do buzz do bloqueio do Whatsapp por 48 horas no Brasil conforme determinação da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo (SP). Ninguém sabe ao certo quem foi o autor da ação que conseguiu obter esta decisão na Justiça, pois o nome está sob sigilo. Mas, de qualquer forma, é uma onda de reclamações dos usuários, pois o aplicativo é o mais usado pelos brasileiros – permite a comunicação de milhões de pessoas sem os custos da ligação (seja por mensagem ou voz). A decisão está gerando ainda memes nas redes sociais que apostam no humor para lidar com a situação.
Ao mesmo tempo, volta à baila a briga que existe do Whatsapp, com as principais operadoras de telefonia móvel e fixa, que argumentam da necessidade de regulamentação do uso do aplicativo, que seria um concorrente desleal. A mesma reclamação que se vê no que se refere ao UBER, aplicativo que permite conseguir um automóvel de passeio com motorista para traslado, afetando o serviço de táxis. Este cenário, no qual outras situações poderiam ser listadas, me estimulou a escrever sobre o que chamo de Lógica do mais por menos, que considero um dos motores da sociedade capitalista e de consumo. De forma geral, todos querem gastar pouco e ter altos serviços em troca. Se por um lado esta busca é positiva, por outra também tem seus impactos negativos.
A Lógica do mais por menos também é a mesma que prevalece quando dezenas de empresas saem do Brasil ou de outros países mais regulados e resolvem se estabelecer em países como a China e a Índia, com mão-de-obra mais barata e abundante, ou em regiões com benefícios fiscais. Os empresários querem obter mais produção por menos custos. Nem sempre repassam a redução das despesas para o produto ou serviço no varejo, entretanto.
Penso ainda na Lógica do mais por menos na minha área de comunicação, por exemplo. Quantos jornalistas e diretores de redação do meu início de carreira como assessora de imprensa foram demitidos das grandes editoras, como a Abril, por causa dos altos salários, e no lugar entram profissionais mais novos e que recebem menos? Acredito que você também poderá pensar em outras situações nas quais essa lógica também está presente. Não estou aqui dizendo que a Lógica do mais por menos é perversa em sua essência, mas tem seus aspectos positivos e negativos, a serem ponderados em cada circunstância.
Voltando a história do Whatsapp, é certo que ele facilita a comunicação, mas, no final do dia, quem tem de investir na infraestrutura de torres e cabos são as operadoras de telecomunicações. De que forma o Facebook, proprietário do aplicativo, contribui para esse suporte técnico necessário para que as pessoas se comuniquem? A pirataria de games, de software, a compra de produtos roubados no ambulante são exemplos ruins, na mina opinião, de como muitos consumidores são dominados por esse pensamento. Quantos de vocês gostariam de ver algo pelo qual pesquisou e batalhou ser copiado e distribuído por aí gratuitamente? Não estou sendo moralista, mas considero que são alguns pontos sobre os quais podemos refletir sempre.
Chris Santos
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