Cultura de paz pode ser alternativa para escolas mais seguras

Cultura de paz pode ser alternativa para escolas mais seguras

Hoje, no Brasil, há nada menos que 19 milhões de pessoas ansiosas e 12 milhões de pessoas depressivas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O país é o oitavo do mundo em número de suicídios e, em sua maioria, as pessoas que cometem esse ato são adolescentes e jovens, principalmente homens. Diante desse contexto, pais, professores e equipes pedagógicas tentam encontrar soluções para mitigar os efeitos dessas doenças entre os milhões de estudantes brasileiros. E, entre as soluções aventadas, a cultura de paz desponta como uma promessa concreta.

“Cultura de paz é, essencialmente, uma cultura de não violência e de mediação que valoriza a empatia, a cooperação e a ausência do uso de força para solucionar conflitos. É uma cultura em que as pessoas se conhecem e se cuidam”, explica o diretor educacional da Conquista Solução Educacional, Raison Pinheiro. Segundo o especialista, a busca pela felicidade é fundamental no processo de construção de ambientes mais saudáveis para alunos e professores. “Pessoas que estão felizes tendem a não julgar, avaliar ou condenar colegas. São mais empáticas e costumam cooperar umas com as outras, o que torna os conflitos muito mais raros”, complementa.

Cultura de paz e educação socioemocional

Falar sobre sentimentos e emoções, nomeá-los e aprender a lidar com cada um deles é uma parte indispensável de um bom programa de educação socioemocional, capaz de promover a cultura de paz nas salas de aula, corredores e outros espaços. “É preciso estimular as crianças e adolescentes a falar sobre o que estão sentindo. Esse é o primeiro passo para termos uma escola mais acolhedora e, consequentemente, menos violenta”, afirma o especialista.

Mundialmente falando, os países que são considerados os mais felizes do planeta têm, em geral, índices extremamente baixos de violência, com poucos conflitos. Isso leva a crer que a segurança dentro e fora de casa é condição primordial para a qualidade de vida e também para a tão sonhada felicidade. Todos esses fatores estão diretamente ligados ao que se conhece como cultura de paz. Não à toa, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que rege toda a educação brasileira, tem entre suas dez macrocompetências o autoconhecimento, o autocuidado, a empatia e a cooperação.

“Pessoas que cooperam umas com as outras raramente entram em conflito e costumam, em vez disso, ser mediadoras de situações conflituosas. Isso acontece porque elas são mais tolerantes e respeitam mais as diferenças entre os seres humanos”, destaca. Dessa forma, um processo de ensino e aprendizagem focado também no desenvolvimento emocional dos estudantes pode ser um caminho sólido para garantir menos ocorrências violentas nesses ambientes.

Autonomia e autorregulação

Promover a autonomia e a autorregulação também é uma parte importante desse processo. Afinal, é por meio delas que as crianças aprendem a tomar decisões mais conscientes e, assim, gerenciar situações que, do contrário, poderiam se tornar um problema. A Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning (Casel) é uma organização baseada nos Estados Unidos que se dedica à fundamentação de boas práticas de educação socioemocional. De acordo com as diretrizes da instituição, fazem parte dessas práticas o autoconhecimento, a autorregulação, a tomada consciente de decisões, o desenvolvimento de habilidades de relacionamento e a responsabilidade social.

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